terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Acordo e cheiro o frio da manhã. Espreguiço como quem não tem vergonha alguma, nem sequer razão para tal. Espreito, do alto desta colina, o meu mundo gelado, sereno, silencioso e ancioso por aquele sol que ao longe, no horizonte, me avermelha o céu... e o meu dia começa e acompanham-me as sinfonias do quotidiano e desço a minha colina a passos largos com a convicção de quem sabe onde vai e fazer o quê! Mas não sei... e não me importa! Só confio no meu instinto que me diz que o caminho é por ali... seja mato denso ou campo aberto... enquanto o dia for alto e me quiser iluminar... eu vou seguir por este caminho...

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Coimbra

Coimbra deixou de ser
aquela cidade onde me apaixonei.
É agora um antro de felicidade
onde me encontro todos os dias
com a minha paixão.
É o lento e maravilhoso subir do pano
de uma linda peça,
de um épico romance,
de um capítulo de história inacabada
e límpida de utopia.
Coimbra é um palco,
cheio de luzes e actores
que não representam, mas vivem,
e vivem em júbilo como eu.
Coimbra é agora a cidade
onde vejo o arco-íris de noite
enquanto venero a Lua e as estrelas.
Coimbra é a cidade onde vivo apaixonado
por quem em Coimbra me apaixonei.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Há um astro em mim que vagueia
não tem órbita definida, parece louco
ora sorve o meu breu, ora dá-me luz
Não é estrela, não é cadente
não é meteoro nem planeta cintilante
Desliza na minha face oculta
cresce de energia entrópica
implode, suavemente
anda no meu sistema, errante

domingo, 28 de agosto de 2011

Serenidade
de um pôr do sol
Metafórica
na ausência dessa luz
Patologia
de uma longa espera
Agonizante
até que o dia me seduz

Troco as noites pelos dias
a penumbra pela claridade
o ócio pela vontade
e o desprezo pela saudade

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

cresce o vil asco
pela indolência alheia
e eu não gosto
do veneno em mim
cresce o meu carácter
quando sinto a ausência dele
mas arranha-me a alma
a gente suja

terça-feira, 23 de agosto de 2011

sinto um manto em cima de mim
aqui dentro tudo fervilha
em espasmos lentos
de opeáceos endógenos
e o manto arde-me a imagem
sinto a força para o levantar
um vento quente que o empurra
agarro-me a ele e cravo as unhas
com a mínima das vontades
mas a mais doce coragem
sinto a razão aos ombros
e a febre no corpo inerte
de quem não quer fugir
nem sair nem voltar
mas de quem sonha inaugurar

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Curioso como às vezes ouvimos dizer "construir um futuro" como se mandasse fazer uma casa. Aquelas ideias de que está na hora, estamos na idade, encontrámos com quem, não passam de falácias sociais imprimidas por um projecto de vida idealizado como se de uma lei se trasse. Eu próprio já passei por momentos em que pensei assim...
A verdade é que aquilo que procuramos construir é um passado... ambicionamos pegar na constelação de acontecimento e momentos, ideias e memórias, tristezas e alegrias que ambundam em frenezim nos nossos corações e edificar um passado compaco e inerte, que fique onde está, no passado, e nos permita a veleidade de recomeçar...
É impossível construir um futuro. Não temos matéria prima. Podemos planear e desejar e ambicionar, mas cada dia que passa, cada caminho que percorremos, cada acontecimento que vivemos é mais um dia vivido que do nada passa de futuro a presente e volve ao passado sem que antes tenha deixado em nós aquela que um dia foi a marca do futuro que queríamos construír... Resta-nos saber viver o presente...

terça-feira, 26 de julho de 2011

Se me estiveres a ouvir,
escuta-me.
Percebe o que digo,
o que sinto
e faz-me a vontade.
Se me fizeres esperar,
eu espero.
Aguardo sereno
a tua compreensão,
a tua aceitação.
Se me levares hoje,
eu vou,
sem sequer saber o destino.
Se pensares em mim,
pensa no futuro
e no que me pode dar...

Meu ego,
se me estiveres a ouvir,
escuta-me...
e faz-me a vontade...

sábado, 16 de julho de 2011

Não importa falar
se não formos ouvidos
Não importa escrever
se ninguém nos lê
Não importa sentir
se ninguém o sente

É a reciprocidade volátil
que completa a mensagem
e vaporiza o momento
numa nuvem cognitiva

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Sinto, pela primeira vez,
a pequenez que nos caracteriza.
Não como um malogrado fado,
mas como o chegado consumar de um facto.
Não nos bastamos,
nunca estamos saciados de companhia,
de conhecimento,
de materiais,
de ideias,
de nós... dos outros...
O regozijo reside aqui,
em tomar consciência
de que sentirmo-nos parte
de algo ou de um todo
é maior que qualquer alimento,
qualquer substância,
qualquer alter-ego...

Cada célula dá vida ao corpo,
cada corpo procura outro,
cada outro dá vida ao mundo...

quarta-feira, 29 de junho de 2011

recuperado de há muitos, muitos, muitos anos...

Das cidades

As luzes na noite.
Os tumultos de alegria.
As pessoas que passeiam
em grupo, a sós,
ou como tantos,
em duetos de paixão.
Que sensação voraz
que me invade
a cada momento
enquanto me envolvo
e enredo os meus dedos
nesta cidade louca.
Louca, mas pacata.
Pacata, mas inimaginavelmente viva.
Quantos amores
leva o rio que nunca pára,
que nunca morre?
Quantos corações
partem das pontes,
mas que voltam
porque a cidade os puxa
para o seu ninho?
E as histórias
que se contam
e se cantam...
E as noites
que se passam
sem se dar por isso...
Dos vultos das capas negras,
das serenatas ao luar
vivem os estudantes
cada momento
dando tudo o que têm.
As vozes da Cabra
que se ouvem
de tempos a tempos
sempre que soa o toque
para reunir a preceito.
é a cidade das cidades
ea mais velha
das mais velhas.
Quem por lá passa
deixa um pedaço,
mas leva consigo
uma vida inteira.

Tenho na minha memória
que o mais belo luar
e o mais quente amanhacer
são na cidade de Coimbra.

domingo, 19 de junho de 2011

É deveras interessante chegar à conclusão de que cada palavra tem os mais variados significados dependendo da orientação que lhes queremos dar; a título de exemplo: Geomorfologia. Assisti, em tempos idos, à tese de doutoramento do Prof. Rochette em que o tema versado era, em traços gerais, a Geomorfologia. Falava com todo o propósito te factos palpáveis, mensuráveis, datações, aspectos físicos do mundo que nos rodeia, da forma física das coisas e os seus porquês. A crítica maior que lhe apontaram foi se referir a periodos longos da história como "momentos".
Muito antes disso, já eu estudava Geografia, tive a estrondosa oportunidade de participar numa tertúlia com o Dr. Juan Sfeir-Yunis, Chileno, Geógrafo, Economista, adido das Nações Unidas, mas tão desprendido das questões materiais que me abriu a mente para uma realidade menos óbvia do que a que estava familiarizado, encarando a Geomorfologia como um resultado não apenas físico da acção natural do planeta, mas também minuciosamente conectada aos agentes imateriais do quotidiano.
Talvez tenha sido devido a este confronto abismal de ideias sobre o mesmo tema que me despertou para a factual presença da ambiguídade em que vivemos; disfrutamos de momentos repetidos, efémeros ou perenes, mas sempre significativos, que nos moldam a alma e nos constroem o espírito. Cada momento tráz sabedoria empírica, cada traço passado representa uma conquista privada, cada tempo vivido ostenta um conhecimento válido...
Orgulho-me de sentir que com todos os momentos aprendi e continuo em formação. Se nunca errar é porque não o vejo, logo abdico de crescer.

Olhar, não é ver, e perceber isso é reinar em terra de estúpidos.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Às vezes vivemos no medo e nem damos conta. A vida não deixa de passar por causa disso. O quotidiano é redondamente a mesma monotonia que nos absorve e consome e nos dá a sensação de alegria ou tristeza... mas no fundo é só sensação... na verdade só existe vazio.
Não é fácil dar conta disso, de que nos deixamos envolver e embrulhar pelo medo de viver, que há algo maior, uma vontade extrema de atingir um objectivo que nos cega ao ponto de não vermos verdades maiores e intrinsecas, de não sentirmos o que verdadeiramente nos vai na alma...
Às vezes é preciso um abalo, uma doença, uma ecatombe para nos abrir a alma e soltar o medo... não que ele fuja ou desapareça, mas para o enfrentarmos... para o olharmos nos olhos e dar o peito e lutar contra ele...
Ele há medos que vencemos... e há medos que temos que aprender a viver com eles... há marcas que saram e cicatrizes que desvanecem... mas com tudo aprendemos a não voltar a errar na vida...
Há passados que nos dão pena... que podiam ter sido tão diferentes... e há futuros tão risonhos que não têm passado...
Às vezes esse medo escolhe-nos um caminho sem medo e sem medo é por onde eu vou...

*

domingo, 22 de maio de 2011

Tenho um dom que não sei usar: o de ser objecto. Não objecto de uso, mas de fruto. Objecto de objectivo largo, perene e solúvel. Pareço ter um interesse particular que me surpreende e ao mesmo tempo me renega. Ser objecto é como uma doença que se espalha pelo corpo e transcende o ridículo e o absurdo... é ser um infinito mar de devaneios de outrem, díspares e incoerentes, malignos e impregnados de malvadez...
Ser objecto é também ser único. Singular, irrepetível e impenetrável... Inerte, hibrído e insensível...
Ser objecto é fazer acreditar que se o é... e deixar que isso me torne importante sem o ser...

terça-feira, 17 de maio de 2011

"i"

"i" chove lá fora como se não houvesse amanhã
"i" troveja, retumbante, como um bombo rouco
"i" sei que antes o céu estava limpo
"i" sei que depois também estará
"i" por entre cada pingo nada me aflige
"i" por cada gota que me escorre nada me desvia
"i" tenho certezas, mais que dúvidas
"i" desejos i vontades i insanidades
"i" volto ao meu lugar de direito
"i" tenho direito ao sol por entre a chuva
"i" quando o arco-iris chegar
"i" ligar as pontas soltas
este "i" passa para aqu"i"

sábado, 30 de abril de 2011

Estava agora a rever o filme "I am Legend". Apesar das críticas mais diversas, confesso que gostei mesmo muito; do argumento, da fotografia, da realização... mas sobretudo da mensagem...

"light up the darkness"...

Podemos andar muito tempo embrenhados numa bruma autodestrutiva que não nos deixa ver em redor... perder tempo em rotinas depressivas e a insistir no recorrente erro...

"light up the darkness"

mas se olharmos bem há nossa volta, há sempre uma luz que nos faz levantar...

"light up the darkness"

terça-feira, 29 de março de 2011

Change in modesty

foremore left behind

as it should always be

A need is uterly primal

but never ever enough

To want or wish for more

will make me climb up

But each step I take in fortune

sets me in total rupture and denial


Still it feels good

Still is what I want

It's now on my mind

domingo, 27 de março de 2011

Uma surpesa é-me sempre arrebatadora. Pode ser planeada para me deixar desprovido de palavras. Posso eu magicar uma para surpreender alguém e mesmo assim ficar tão feliz pela reacção que provoca... Pode ser um simples imprevisto, acontecimento do acaso, que me apanha desprevenido. Nesse caso, umas surpresas deixam-me deslumbrado... outras são decepcionantes...

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

love doesn't come and go as you please
it doesn't change in a heartbeat
if you have a change of heart
it's means your place in time has shifted
and it's time to embrace a gift you have received


no memories will fade
no feelings will turn the table on you
past is long and gone
and as hurtfull or fullfilling it may have been
it's still past and gone


ever and forever will be my special place
but I walk my own road now
no sorrow in my needs
as I become my own again


farewell and goodbye
hello, my name is nothingman

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Apneia

Comedida vontade de adormecer
num abraço solitário.
Receio de ao acordar o amanhecer
não ser certo nem arbitrário...

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

one day at a time
on a drunken whisper
I set a timeline on life
someway to get me there
out, under, over and out again
lost a friend somewhere
found a lover instead
cross an empy square
all alone in a crowd I disapear
into the wild desires
that I long fear
it's good to know
that there's no one there
to flick my mind
to anoy my thrust
to avenge the will of my own lust
I arrest my walk
on a jangly stop
psicologicly it's a dumb return
but fest my choice
'cause it's burned down on tart
it can kill my way
set me wrong again
but my voice is loud
I can hear it clear
long wanted, needed, lost and found
I'm away on thought
but I'll be back arround
You'll find me here
allways in the same place
in the same old spot
with the same new taste
I'm drunk in thought
I'm awake in dreams
I dream of thoughs
I cannot hear what ever it seems...

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

antologia do desânimo

Voz de arrasto terno,
tom pausado e desafinado,
palavras parcas e repetidas
e cansadas e desanimadas.
Enfermo ponto de olhar,
vago, perdido, insolente,
lágrima seca de tempo gasto
e investido e dormente.

Conhecido o dom modesto
espera-se um lume aceso.
Não brando que não consuma,
nem ócio do meu ânimo
na antologia do displicente desânimo...
A distância é a medida da comunhão.
É preciso igualar os passos para encontrar o meio sentido.
Se forem díspares seguimos caminhos diferentes.
O tempo é a medida do coração.
Nunca é tempo suficiente, nunca é tempo demais.
É sempre a tempo de medir.
O tempo que tomo para correr esta distância
é indirectamente proporcional
ao inverso do coração elevado à comunhão.