Tenho um dom que não sei usar: o de ser objecto. Não objecto de uso, mas de fruto. Objecto de objectivo largo, perene e solúvel. Pareço ter um interesse particular que me surpreende e ao mesmo tempo me renega. Ser objecto é como uma doença que se espalha pelo corpo e transcende o ridículo e o absurdo... é ser um infinito mar de devaneios de outrem, díspares e incoerentes, malignos e impregnados de malvadez...
Ser objecto é também ser único. Singular, irrepetível e impenetrável... Inerte, hibrído e insensível...
Ser objecto é fazer acreditar que se o é... e deixar que isso me torne importante sem o ser...