domingo, 22 de maio de 2011

Tenho um dom que não sei usar: o de ser objecto. Não objecto de uso, mas de fruto. Objecto de objectivo largo, perene e solúvel. Pareço ter um interesse particular que me surpreende e ao mesmo tempo me renega. Ser objecto é como uma doença que se espalha pelo corpo e transcende o ridículo e o absurdo... é ser um infinito mar de devaneios de outrem, díspares e incoerentes, malignos e impregnados de malvadez...
Ser objecto é também ser único. Singular, irrepetível e impenetrável... Inerte, hibrído e insensível...
Ser objecto é fazer acreditar que se o é... e deixar que isso me torne importante sem o ser...

terça-feira, 17 de maio de 2011

"i"

"i" chove lá fora como se não houvesse amanhã
"i" troveja, retumbante, como um bombo rouco
"i" sei que antes o céu estava limpo
"i" sei que depois também estará
"i" por entre cada pingo nada me aflige
"i" por cada gota que me escorre nada me desvia
"i" tenho certezas, mais que dúvidas
"i" desejos i vontades i insanidades
"i" volto ao meu lugar de direito
"i" tenho direito ao sol por entre a chuva
"i" quando o arco-iris chegar
"i" ligar as pontas soltas
este "i" passa para aqu"i"