quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Se tu soubesses...

Se tu soubesses o que eu passei este ano...
Se tu soubesses as noites que eu não dormi,
os dias que não vivi, as tardes que murchei....
Se soubesses as tormentas que passei
e o que me passou pela cabeça...
Se soubesses o que eu fiz e o que deixei de fazer...
Se soubesses o que me custou este ano...
Se soubesses o que me preocupou,
o que me importou, o que odiei...
Se soubesses o que me ajudou,
o que me amparou, o que desejei...
Se soubesses o que nunca me fez sentido...
Se soubesses o que perdi, o que achei...
Se tu soubesses o que te queria dizer...
Se tu soubesses ouvir...
Se soubesses o que sabes agora...

Se soubesses que eu sei
que este ano vai ser diferente...
Ai se tu soubesses...

domingo, 19 de dezembro de 2010

alguém como eu

Do lado de cá mora alguém como eu. Quando olho pela minha janela, embaciada pelo frio, vejo o fusco lar de um desalojado, sem abrigo como eu. Sem abrigo não! Tenho casa, tenho para onde ir, só não quero ou é como se não soubesse o caminho, nem quisesse saber. É a diferença entre ter casa ou ter um lar... tenho quatro paredes, mas não me abrigam, não me aconchegam... não cá chega o frio, mas não me aquece... aqui tenho liberdade, mas não a quero... tenho independência, mas repugno-a... tenho privacidade, mas não preciso... As minhas paredes estão nuas. Não as visto porque não são minhas, não lhes tenho sentido de pertença. Esta luz não me ilumina, vejo o mesmo de sempre... nada, ou nada que me suscite interesse... Abro a porta, mas não me leva a lado algum... fecho a porta, mas não deixo nada lá fora, nem cá dentro... é inútil...

Tenho o que toda a gente quer e não o quero... quero o que ninguém tem e não o posso ter... Do lado de lá também mora alguém como eu...