O tempo passa, mas é como se os ponteiros do relógio ficassem imóveis colados ao eixo... como eu. Também eu ando às voltas como os ponteiros deviam andar. Também não acerto as horas, nem os dias, nem as noites, nem os momentos.
Não quero ser um mártir, mas estou cansado de ser flagelado. A cada segundo que ouço o ponteiro avançar, sinto-o como uma farpa no meu dorso e em vez da dor passar com o tempo, agudiza-a a cada volta ao eixo. De cada vez que os ponteiros alinham, apontam a imagem que não quero mais ver...
Voltar a escrever, voltar a ter um blog é para mim como estar enterrado e conseguir brotar do chão e esticar a mão cá para fora para tentar quanto antes tornar a respirar. A vontade é grande... preciso me levantar e caminhar. Fazer-me à estrada sem destino, mas com orientação, em direcção ao horizonte... onde no fim desta noite que nunca mais acaba, onde esta estrada me levar, um dia nascerá de novo o sol, noutra madrugada, que nunca poderá ser pior que esta...
From dawn until dusk it's a long, troubled and painful road... but one day I'll see a new dawn...
Foi o fim de uma era em que dei tudo e fiquei sem nada. Acabu no vazio e ali não podia escrever mais. Por isso este novo espaço.